Neste mês de setembro, o Brasil se uniu à campanha do Setembro Amarelo, que visa conscientizar e prevenir o suicídio. Neste contexto, é crucial discutirmos um dos fatores que contribuem para o aumento das taxas de suicídio entre homens: a masculinidade tóxica.

Embora a saúde masculina esteja ganhando cada vez mais atenção, uma questão vital é como a cultura da masculinidade tóxica impacta a saúde física e mental dos homens.

Em uma sociedade que glorifica a invulnerabilidade masculina, como essa mentalidade está prejudicando o bem-estar dos homens? Essa matéria explora a relação entre a masculinidade tóxica e a crise de saúde masculina, enfatizando a importância do autocuidado e da prevenção.

A crise de saúde masculina

Estatísticas revelam que homens vivem, em média, 7 a 8 anos menos que as mulheres. Eles têm maior probabilidade de morrer de doenças cardíacas, câncer e, tragicamente, suicídio. No entanto, essas diferenças não se devem apenas a fatores biológicos; há uma questão cultural em jogo.

Desde cedo, os homens são ensinados a serem fortes, a esconderem suas emoções e a evitarem qualquer sinal de fraqueza. Expressões como “homens não choram” ou “seja homem” perpetuam a ideia de que pedir ajuda — seja para problemas de saúde física ou mental — é sinônimo de fraqueza.

Este comportamento, amplamente enraizado, faz com que muitos homens evitem consultas médicas, ignorem sintomas e negligenciem cuidados preventivos, contribuindo para o agravamento de problemas de saúde que poderiam ser tratados precocemente.

Impacto na saúde mental

Os homens são muito menos propensos a buscar ajuda para problemas como depressão e ansiedade, alimentando um ciclo de silêncio que pode resultar em tragédia.

Essa relutância em expressar vulnerabilidade é uma das razões pelas quais os homens são responsáveis por quase 80% dos suicídios globalmente.

A cultura que promove a supressão das emoções e a negação de qualquer sinal de fraqueza cria um ambiente perigoso, onde a falta de diálogo e de apoio pode ter consequências fatais.

A relutância em cuidar da saúde

Além dos impactos sobre a saúde mental, a masculinidade tóxica também afeta como os homens cuidam de sua saúde física.

Muitos evitam exames preventivos, como o toque retal para a detecção precoce do câncer de próstata, por medo de serem vistos como menos masculinos.

Esse comportamento é não apenas prejudicial, mas também potencialmente fatal, pois pode levar a diagnósticos tardios de doenças graves que poderiam ser tratadas de forma eficaz se detectadas precocemente.

A nova masculinidade e a importância do autocuidado

Para combater essa crise de saúde, é essencial desconstruir o mito do macho invulnerável. A nova masculinidade promove a ideia de que os homens podem e devem cuidar de sua saúde sem vergonha ou medo de julgamento. Isso inclui reconhecer a importância de exames regulares, buscar ajuda quando necessário e não ter medo de expressar suas emoções.

No âmbito do Setembro Amarelo, essa desconstrução é ainda mais urgente, pois o autocuidado e a prevenção podem salvar vidas.

É hora de redefinir o que significa ser homem na sociedade moderna. Enfrentar a masculinidade tóxica não é apenas uma questão de qualidade de vida, mas de sobrevivência.

Ao abandonar estereótipos ultrapassados, os homens podem finalmente começar a cuidar de si mesmos de maneira completa e saudável, prevenindo tanto doenças físicas quanto problemas de saúde mental.

No mês de Setembro essa reflexão é mais necessária do que nunca. Cuidar da saúde, em todos os aspectos, é um ato de coragem e auto valorização — uma verdadeira demonstração de força.